Luc Spirlet
Instinto Coletivo
Traduzido do francês: Plínio Augusto Coêlho
Instinto Coletivo
Etmologicamente, Anarquia é ausência de autoridade. Não é desordem como a maioria de nossos contemporâneos parece entender.
O deslize de significação foi provavelmente provocado pelo aspecto "irrealizável" de uma sociedade sem dirigentes. O homem tem essa atitude insuperável de ignorar o que parece impossível. E depois, um ideal, uma utopia, que ainda se preocupa com isso?
As teorias sociais demonstraram suficientemente que a coesão de um grupo e sua subsistência dependiam da comunidade dos objetivos.
Além disso, o desconhecimento da utilidade prática dos ideias, e mesmo das utopias, posiciona o homem em um drama que se amplia em todas as camadas sociais. A droga, delinqüência, a corrupção,o desemprego, o quarto mundo, o despedaçamento das famílias são tantas manifestações do mal-estar geral. As declarações de inúmeras personalidades ressaltam, à medida dos seus desejos, a falta de ideal na juventude actual e na sociedade.
Infelizmente, ninguém explica para que serve um ideal. Para que, com efeito, visto que não se o alcançara nunca ou raramente? Os que pensam isso na realidade estão diante da principal qualidade de um ideal. Quanto mais inacessível, mais ele é interessante para a sobrevivência de um grupo e mais chance ele tem de corresponder a uma unidade objetivo.
Com efeito, a ideia escolhe como objetivo dessa propriedade instalar uma tensão entre a realidade e o que deveria ser. É graça a essa tensão que encontramos heróis, pessoas fora do comum. Estas são capazes de exibir uma energia fora do comum. Estas são capazes de exibir uma energia extraordinária para avançar rumo a seu objetivo. Na confusão do mundo atual, elas olham para o ideal e servem-se dele como ponto de referência. O homem que perde seus sonhos é um homem morto. Nada mais o motiva para empreender o que quer que seja.
A anarquia é, sem nenhuma dúvida, o mais belo sonho da humanidade, pois a ausência de autoridade supõe que cada ser tenha um nível de responsabilidade suficiente para dispensá-la. Imaginamos facilmente, então que o terrorista anarquista é um contra-senso pois ele justifica a razão de ser da autoridade e das prisões.
Por sinal, qual dirigente colocará em obra os meios para dar ao homem mais responsabilidade, mais autodeterminação? Quem fará com que os habitantes de uma zona ponham-se de acordo para reparar as estradas ocupar-se da limpeza pública, distribuir a correspondência, transmitir informações vitais e ajudar os enfermos sem a intervenção de administrações pesadas e onerosas? Todos aqueles que se dedicam a preservar a vida ou a melhor-lá trabalham contra os interesses dos governos. Tão logo estes percebem o sucesso relativo de uma ação, eles a recuperam em seu benefício, glorificam-se, para em seguida servir-se dela como pretexto a nova tavas e regulamentos. Basta observar os movimentos ecológicos.
Todavia, não nos queixamos! O imposto que pagamos nunca é apenas a responsabilidade que não assumimos. A Autoridade ou o que a representa encontra toda justificação na irresponsabilidade dos cidadãos. Se estes não querem que a sociedade desmorone, devem tomar seu destino em sua mãos, pois as coisas degradam-se e o Estado endivida-se, demostrando, assim, sua incompetência.
Só nos resta a Anarquia para sairmos dessa situação. Devemos aprender desde já a viver sem autoridade. As pessoas já o fizeram tantas vezes. Isso porque a autoridade toma raramente a iniciativa de salvaguardar o que quer que seja. Na maioria das vezes, é o cidadão quem empreende, e a autoridade, ávida de eleitorado, continua. Mas não esqueçamos que o crime, o delito, a guerra e as querelas são os meios, perpetuados ou não pela autoridade, para justificar sua presença e o pesado tributo que ela cobra para sobreviver às nossas custas.
Traduzido do francês: Plínio Augusto Coêlho
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